Wednesday, January 20, 2016

Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2016


"Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D'Artagnan e fui-me às aventuras...logo depois vi assomar à porta da sala o vulto de Conceição. Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da alcova. Vestia um roupão branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não disparatada com o meu livro de aventuras. Fechei o livro, ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim."

(Joaquim Maria Machado de Assis, 'Missa do Galo,' p. 1)


Aqui acho interessante a maneira em que o autor faz uma análise de Conceição como se ela fosse uma das aventuras de seu livro. Ele a observa e analiza cuidadosamente e faz comentário para si dos atributos físicos dela. Era notável quando a professora visitante, Dr. Anna-Lisa Halling salientou que o autor despedaça a Conceição, em vez de falar dela como uma pessoa inteira que ela é.

Quantas vezes acontece que nós olhamos para uma pessoa e fazemos separação dela. Observamos os
atributos fisicais, o modo de andar, de falar--as coisas exteriores, superficiais. Isto fazemos em vez de ver a pessoa como ela é. Poderíamos nos esforçar por entender como a pessoa pensa, o que acredita, aquilo que ela acha importante, e por que. Assim em vez de "[ver] o que está diante dos olhos, podemos fazer como O Senhor faz, isto é, "[Olhar] para o coração" (A Bíblia Sagrada, 1 Samuel 16:7).

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